A tarifa extra de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre importações brasileiras, em vigor desde 6 de agosto, eleva o risco de inadimplência sistêmica entre empresas do país, alerta Silvano Boing, CEO da Global, maior recuperadora de crédito empresarial do Brasil. Segundo ele, exportadores brasileiros enfrentam choque no capital de giro, podendo gerar atrasos de pagamento em toda a cadeia de fornecedores, transportadoras e prestadores de serviços.
O impacto é ainda maior em setores estratégicos como agroindústria, metalurgia, máquinas industriais e alimentos processados, que terão de reduzir preços ou abandonar o mercado americano. A medida coincide com cenário de alta inadimplência corporativa e crédito mais restrito, com índice de 4,2% em operações de crédito livre para empresas no primeiro semestre de 2025, segundo o Banco Central.
“Esse aumento tarifário gera um choque direto no capital de giro das exportadoras nacionais. Ao precisarem reduzir preços para manter contratos ou recuar do mercado americano, essas empresas iniciam um efeito-dominó, no qual fornecedores de insumos, transportadoras e prestadores de serviços podem começar a enfrentar atrasos nos pagamentos, colocando toda a cadeia sob risco”, alerta Boing.
Estima-se que cerca de 10,8 mil empresas de médio porte exportadoras estejam diretamente afetadas, aumentando a vulnerabilidade à inadimplência sistêmica. Setores como Alimentos e Bebidas, Bens de Consumo Não Duráveis, Financeiro e Construção já enfrentam desafios antes mesmo da nova tarifa, segundo o Índice Global de Recuperação (IGR) da Global.
Para mitigar riscos, Boing recomenda ações preventivas como cobrança imediata de dívidas, uso de inteligência de dados e reforço de programas internos de gestão financeira. Dados do IGR mostram que 82% das dívidas B2B são recuperadas quando tratadas nos primeiros 10 dias de atraso, percentual que cai drasticamente com o tempo, reforçando a necessidade de atuação rápida.
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